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sábado, 2 de março de 2013

tem um vulcão
no coração de cada criança
esse afeto que fere
os cãezinhos ao acarinhar
com força aperta
você é o meu amorzinho
e te quebro as patinhas
te machuco o focinho
quando entra em erupção
o coração das criancinhas
salve-se quem puder
pompeia foi fichinha

*

restava uma dúvida
da vida que iria levar
o talo verde na coluna crescendo
criando seiva saudável
até que eu chegasse nos 28 anos
o talo tornando-se enfim
marrom como as árvores grossas
a meio palmo de viverem
trezentos anos mais que a gente
a menos que caiam, trezentas
árvores tombaram em são paulo
na semana passada, e cortaram a luz de todas as casas
menos da minha

*

quando cresce
o coração endurece
a lava esfria
muito ar
no nosso tórax
já estamos aptos
a educar
as criancinhas

*

as árvores
lentamente
como podem
deixam são paulo

minhas raízes
antes aéreas
se fincam na terra
daqui ninguém me tira

uma nuvem
assombra a cidade

as crianças são frutos
que apodrecem

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