a menina
num empenho de vontade, das boas, dizia "voa"
Voa!
alegre, olhando o passarinho
súbito solto da gaiola, por mãos que afagam
sem tocar, afeto o olho, a palavra com carinho, "voa,
bebezinho!"
a mãe se visse, você pensa, insatisfeita
de perder seu periquito, tanto salário aquele alpiste
acordar e ver o verde, o amarelo, ouvir o canto e a criança
agora, atuando contra ela: dando ao que é do mundo
o mundo que antes era só de César.
você não sabe a história inteira.
se esconde no seu casco, medo, tempestade:
o jabuti da família empurrado com o pé
"Voa, querido!", jogado para cima
Quantas vezes
(meu deus!)
o amor pelo jabuti
vai ser instância de pássaro
estímulo ao voo
do outro, passamos
remédio nos meios quebrados ferida do casco
mostrar as diferenças entre répteis
e pássaros, sucesso de cura
parece (a menina
celebra) o jabuti
pôs um ovo
Nenhum comentário:
Postar um comentário