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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

um encontro estala atrás
do poste de luz da esquina
te disse que está lá atrás os guardas
o levam dali para a jaula o encontro
era um javali
órfão porque no escuro
da metrópole

ii

um naco de vidro que prende na garganta
um pote de abacate que caiu e se quebrou
a língua alcança os dedos e neles tinha vidro
e tinha o abacate amassado com açúcar
agora sinto sangue descendo pelo esôfago
agora desacomoda e o vidro ainda está ali

iii

o encontro também
pode ser?

uma praia aonde eu não vou
o cós das calças que eu não sei

uma queda bem distante
a intransigência de alguém

os futuros carcomidos
pelo vento do passado

o passado afogado
na enxurrada do futuro

maduro maduro
monturo

iv

hoje
exploraremos
o encontro
do rio negro
consigo mesmo
as águas
as algas
amalgamam
a história
do curso
que deságua
não seguiremos
nós parados
neste exato
corrente
momento

v

prometo pensar o imediato
porque me perco se distraio
perseguindo umas palavras
que não têm lastro então eu penso
nestes dentes todos juntos

o encontro seria
só meu se eu fosse
um destes dentes

eu nem ia ligar
eu, enquanto dente,
encontrado que estaria
no desgaste que mastiga

vi

esta
é a história
de quando a história não sabe
de si

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