Faço isso: inaugurar a cada tanto uma tradição. Há gente que me compre: queira uma festa de família. “Festa de família não trabalho.” Se insiste, aponto a plaquinha na porta: aqui a tabela de preços, veja nossos serviços, não quer não quer, há quem queira. O telefone toca: encomenda uma canção pra tocar anualmente em memória dos próximos mortos. Diz que é um novo feriado do governo, precisa dela o quanto antes. Sento-me ao piano. Escrevo uma canção fúnebre para mim mesmo. Troco os nomes pra não parecer louvor próprio. Sonho abrir outro negócio: o de pôr fim a tradições.
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