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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Teus olhos
esgotam

O ouvido persegue

Querido. *****. Espero. Que. Você. A mensagem segue. Cravei no escuro essa espera, palavras metálicas dizendo, pra todos os meus segredos, é hora do remédio.

À merda.

Ele agacha à cata, das pílulas, sei que eu devia, ser mais paciente. A vida a vida avida ainda está aqui. Nesta sala, nestes olhos. Você não colabora. Pensei que ia ter uma vida inteira pra não colaborar. Desculpe a pressa. Ele chora no banheiro. Pensa que eu não vejo. A cabeça. A minha escuta até o mínimo: passo, suspiro, é a morte, "ela deixa a gente atento, verdade, tudo o que dizem os livros!". Vi-me. Afastada. Do centro. Outra.

"Sempre uma coisa defronte da outra.
Sempre uma coisa tão inútil como a outra."

Eu deveria dar graças por ter o sustento. Ouço e um naco de sangue amortece a garganta. Por tudo dai graças. É minha mãe, não me atrevo a cuspir. Amargo de novo a casa vazia. e a espera.

Tudo não passa de uma grande armação. Nosso herói está saudável neste momento cruzando uma grande avenida, entra na loja e compra cuecas, sai de sacolas, passo leve na rua. Olha o mendigo! Nossa, são tantos. Quando chegar em casa, vestirei as cuecas uma a uma, olho no espelho, a melhor te reservo: você tira nos dentes, gozamos. Um índio amazônico sonhará com esse estranho mundo em que nos cobrimos de panos pra logo tirá-los. Em 1973 será visitado por homens de pano, com gripes e rifles. "Bom dia". Nos levantamos sem doença. Afinal, a vida é mansa: atrito e dureza envolto no sumo, macieza, a penugem cobre a gente. Depois o acaso te toma no colo e.


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