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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

era uma vez

era uma vez

a vez

que a tudo dizia

"agora sou eu!"

mas ninguém lhe dava bola.

Quando todo mundo se distraía

lavando as roupas e fazendo comida

ou quando todo mundo se deitava na grama do parque

pra tomar o sol gostoso da tarde

se fosse outubro

aí a vez aproveitava

e acontecia.

Como estavam todos ocupados distraindo-se

ninguém via o que acontecia, exatamente.

Mas a vez se dava por satisfeita.

Um dia o cachorro, que estava se lambendo, teve um pressentimento!

Ele foi até a pia da cozinha, pulou em cima dela e ficou esperando.

Quando nós chegamos, todo mundo riu. Menos o cachorro, que nem abanou o rabo.

Ficou em cima da pia, esperando que alguém o tirasse de lá.

Aquele foi um dia muito MUITO ensolarado, e a vez nem deu as caras.

Devia de estar aprontando uma das suas.

Esses dias eu recebi um cartão-postal.

Dizia assim:

Aqui está muito legal. Sinto saudades, mas não sei se volto. Se cuida! Beijos!

Ass.: a vez.

O cartão vinha lá de Maceió.

Como eu nunca fui pra Maceió, resolvi cozinhar o almoço. Era a hora.

Foi aí que eu conheci essa outra amiga: a hora.

De hora em hora, ela diz assim:

"Agora sou eu!"

Mas agora, por exemplo, eu preciso trabalhar.

Então não posso te dar atenção, desculpa.

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