era uma vez
a vez
que a tudo dizia
"agora sou eu!"
mas ninguém lhe dava bola.
Quando todo mundo se distraía
lavando as roupas e fazendo comida
ou quando todo mundo se deitava na grama do parque
pra tomar o sol gostoso da tarde
se fosse outubro
aí a vez aproveitava
e acontecia.
Como estavam todos ocupados distraindo-se
ninguém via o que acontecia, exatamente.
Mas a vez se dava por satisfeita.
Um dia o cachorro, que estava se lambendo, teve um pressentimento!
Ele foi até a pia da cozinha, pulou em cima dela e ficou esperando.
Quando nós chegamos, todo mundo riu. Menos o cachorro, que nem abanou o rabo.
Ficou em cima da pia, esperando que alguém o tirasse de lá.
Aquele foi um dia muito MUITO ensolarado, e a vez nem deu as caras.
Devia de estar aprontando uma das suas.
Esses dias eu recebi um cartão-postal.
Dizia assim:
Aqui está muito legal. Sinto saudades, mas não sei se volto. Se cuida! Beijos!
Ass.: a vez.
O cartão vinha lá de Maceió.
Como eu nunca fui pra Maceió, resolvi cozinhar o almoço. Era a hora.
Foi aí que eu conheci essa outra amiga: a hora.
De hora em hora, ela diz assim:
"Agora sou eu!"
Mas agora, por exemplo, eu preciso trabalhar.
Então não posso te dar atenção, desculpa.
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