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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Mais porcaria

Bem menos imoral é o pernil que eu tempero pro almoço. Tento entender de onde veio esse pedaço, do porco. Pernil, fica na perna, coxa. Limão, alecrim, pimenta-do-reino. Quem dá vida a um porco? Uma porca. Aos nossos olhos, são todos iguais. Que nem japoneses, chineses, tudo a mesma coisa. Deixo o pedaço de corpo marinando e entro no site de homens que querem sexo. Digito: japa. Começo a conversar com um. Tem 33 anos, mora com os pais, mas tem carro. Quando chega, é tímido e apressado. Eu pergunto se posso espremer limão no pinto dele. Se assusta, mas não tem muitos senões. Salpico também um pouco de noz-moscada e sal. Tempero bem o moço. Mas esta não é uma história policial. Nos lambemos, chafurdamos, cheiros, festa do gozo do corpo, depois arfados de cansaço, lambuzo, nos vestimos. Pergunto, já que estamos, se ele não quer ficar pra almoçar. "Vou fazer porco", convido. Não, obrigado, sou vegetariano. O que sobrou, guardei na geladeira.

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